Será que o realismo modal sanciona de facto a indiferença? Não creio que uma resposta afirmativa possa constituir uma verdadeira objecção à teoria, uma razão para acreditar na sua falsidade; a indiferença poderá ser apenas um corolário perturbante da pluralidade de mundos. Ainda assim, Lewis nega que a sua ontologia tenha este corolário prático. Uma parte essencial da sua réplica encontra-se aqui:
We do have irreducibly egocentric wants. [...] Your egocentric desire to survive cannot be satisfied vicariously by the survival of your counterparts, and that is why you should not be indifferent to wether you live or die.
Likewise, I do not just idly want someone in some world to have written this book I have in mind; I want to have written it myself, and that is what motivates me to keep going.
Parece-me, no entanto, que muitos dos nossos «egocentric wants» (ou todos?) perdem o sentido sob a hipótese do realismo modal. Consideremos um exemplo como o segundo: quero que seja eu a escrever tal e tal livro. Mas se descobrir que, neste mundo, já alguém escreveu um livro precisamente como aquele que quero escrever, não fará sentido continuar a querer escrevê-lo. Por isso, se eu acreditar que, noutros mundos, o livro que quero escrever ficará escrito, independentemente do que fizer, também não fará sentido continuar a querer escrevê-lo.